
A obediência às autoridades é um mandamento claro da Palavra de Deus: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.” (Romanos 13: 1). As autoridades que nos regem são instituídas por Deus, e por isso devemos respeitá-las e obedecer-lhes.
Mas como nem todas as autoridades são tementes a Deus, surge a questão: como proceder se elas legislarem de forma contrária aos mandamentos expressos na Sua palavra? O que fazer se nos proibirem de O adorar, se nos mandarem negá-Lo, se nos impedirem de divulgar a nossa fé ou os mandamentos deixados na Sua Palavra?
Para nos ajudar a responder a estas questões, analisámos o exemplo dos amigos de Daniel, e vamos agora analisar outro exemplo que ficou registado na Bíblia, o dos apóstolos de Jesus.
Os apóstolos de Jesus
Depois dos acontecimentos do Dia de Pentecostes, no qual o Espírito Santo desceu de forma visível sobre os discípulos, houve um grande número de conversões. Diz a Palavra de Deus que estes convertidos conservavam-se firmes na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações. Diz também que diariamente estavam no templo, louvando ao Senhor e que contavam com a simpatia de todo o povo.
Numa das idas ao templo, para a oração das três da tarde, Pedro e João foram abordados por um homem que era coxo desde o seu nascimento. Este homem implorava que lhe dessem uma esmola.
Pedro, juntamente com João, olhou para ele e disse-lhe que não tinha ouro nem prata para lhe dar, mas o que tinha isso lhe dava. E então disse: “(…) em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (Atos 3: 6) E logo o coxo foi curado pelo poder de Deus, e de um salto pôs-se em pé, e acabou por entrar com Pedro e João no templo.
Entretanto o povo viu-o a andar e a louvar a Deus, e reconheceu-o como sendo o antigo coxo de nascença que pedia esmola na porta do templo. Isto gerou grande admiração entre todos, de tal forma que correram para junto dos apóstolos e do que foi curado.
Esta reação acabou por fazer com que Pedro lhes falasse acerca de Jesus ali mesmo no templo. Questionou a admiração de todos pela maravilha que tinha acontecido, e explicou que isso apenas tinha sido possível pela fé em Jesus. “Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós.” (Atos 3: 16)
Pedro mostrou que Jesus, a quem eles tinham matado, apesar de Pilatos o querer libertar, era o Cristo anunciado antes por Moisés e pelos profetas (Atos 3: 22-23). Pedro apelou ao seu arrependimento e conversão, para que os seus pecados fossem cancelados. E quando lhes falava acerca da ressurreição de Jesus, vieram os sacerdotes, o capitão do templo e os saduceus.
Diz a Palavra de Deus que estes estavam “ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos;” (Atos 4: 2)
O que Pedro e João estavam a fazer era uma afronta à autoridade destes líderes Judeus. Eles que tinham executado Jesus com uma acusação de blasfémia, agora viam Jesus ser anunciado como o Cristo ressuscitado. E que no Seu nome e poder eram feitas curas.
Por essa razão, prenderam Pedro e João e recolheram-nos no cárcere (Atos 4: 3). Pedro e João não foram presos por um crime, ou por desobediência à lei civil. Eles foram presos por anunciar Jesus e a Sua mensagem. E isto era contrário aos interesses das autoridades religiosas desse tempo, que depois de matarem Jesus, queriam silenciar também os Seus discípulos.
Como já era tarde nesse dia, o seu julgamento teve que esperar para o dia seguinte.
Nessa altura então, “reuniram-se em Jerusalém as autoridades, os anciãos e os escribas com o sumo sacerdote Anás, Caifás, João, Alexandre e todos os que eram da linhagem do sumo sacerdote;” (Atos 4: 5-6)
Mandaram chamar Pedro e João e perguntaram: “Com que poder ou em nome de quem fizestes isto?” (Atos 4: 7) Referindo-se à cura do coxo de nascença.
A Palavra diz-nos que Pedro, cheio do Espírito Santo, respondeu-lhes: “em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, a quem vós crucificastes, e a quem Deus ressuscitou dentre os mortos, sim, em seu nome é que este está curado perante vós.” (Atos 4: 10) E acrescentou que não há salvação em nenhum outro.
Vemos aqui um exemplo do que lhes tinha sido prometido, que o Espírito Santo estaria com eles e os ajudaria, e que até falaria por eles. E tanto foi assim que as autoridades ficaram admiradas perante esta coragem e audácia de Pedro, porque sabiam “que eram homens iletrados e incultos” (Atos 4: 13).
O milagre da cura era evidente, tinha sido visível aos olhos de todo o povo e as autoridades não o podiam negar. Mas ainda assim, como isso não era bom para os seus intentos, decidiram ameaçá-los, para que não falassem mais de Jesus a quem quer que fosse. E, “Chamando-os, ordenaram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem em o nome de Jesus.” (Atos 4: 18)
Mas Pedro e João tinham recebido uma ordem diferente diretamente de Jesus. Ele depois da Sua ressurreição, deixou-lhes mandamento claro: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado” (Mateus 28: 18-20)
Será que a obediência devida às autoridades terrenas se deve sobrepor aos mandamentos de Deus?
As autoridades que tinham o poder de prender Pedro e João, de os punir, de os mandar calar-se e não anunciar nem ensinar em nome de Jesus, deviam ser superiores ao próprio Cristo? Ou Cristo é superior porque as constituiu? (João 19: 11; Romanos 13: 1)
Vejamos a resposta dos apóstolos às autoridades: “Julgai se é justo diante de Deus ouvir-vos antes a vós outros do que a Deus; pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (Atos 4: 19-20)
Os apóstolos disseram que a obediência a Deus tinha que vir primeiro do que a obediência às autoridades, e que não podiam deixar de falar das coisas de que tinham sido testemunhas.
Obediência plena, só a Deus
O mesmo ainda é válido para nós hoje. Devemos obediência às autoridades porque assim Deus o ordena, mas apenas quando elas não estão em oposição a Deus e à Sua Palavra. A Bíblia mostra-nos vários exemplos disso, tal como este dos Seus apóstolos.
Que Ele nos dê força para Lhe sermos fiéis, e imitarmos o exemplo de irmãos fiéis do passado, que mesmo em perigo de vida, escolheram obedecer a Deus em vez de obedecer aos homens.
Crédito de imagem: Grant Durr