
“amai os vossos inimigos, fazei o bem aos que vos odeiam;” (Lucas 6:27)
É comum ouvirmos que o Natal é época de paz, de amor, de reunião, de família. Sim, tudo isso é verdade. Mas compreendemos plenamente a sua dimensão? E que implicações traz para cada um de nós?
Ao lermos a Palavra de Deus, percebemos que a história do Natal está descrita em toda a Bíblia, desde as Suas primeiras páginas.
Ao iniciarmos a sua leitura vemos como o amor de Deus está expresso em todos os momentos da Sua Criação. Com ordem e sentido, prepara tudo para a chegada daquele que viria e transportaria a Sua imagem no mundo que estava a criar (Gênesis 1: 26). E quando o momento chegou, “formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.” (Gênesis 2: 7) A nenhum outro ser, Deus fez semelhante coisa, nem teve semelhante proximidade. A nenhum outro ser ofereceu Deus semelhante vida.
“Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar. E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.” (Gênesis 2: 15-17)
No pleno conhecimento de todas as coisas, Deus deu esta ordem. Ordem que seria para o homem e para a mulher, que apesar de ter sido criada posteriormente, à imagem e semelhança de Deus foi criada (Genesis 1: 27).
E como em todos os relacionamentos, também neste teria de existir amor e confiança. Deus ama o homem, e pede-lhe que, tal como Ele, o homem também O ame e Nele confie plenamente. Tal como um filho ama e confia no Pai.
Deus conhece todas as coisas. Quem melhor poderia cuidar dele? Se Deus disse ao homem que não deveria comer daquela árvore, era porque sabia que isso não era bom para ele. Mas deixou-lhe essa opção de escolha. Obedecer ou desobedecer. Deus ou ele.
E eis que a serpente chega. E a dúvida é lançada.
“Então, a serpente disse à mulher: É certo que não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus, sereis conhecedores do bem e do mal.” (Gênesis 3: 4-5)
Tal como Tiago afirma na sua epístola: “cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. (Tiago 1: 14)
Como Deus sereis. A cobiça de ter um conhecimento semelhante a Deus surgiu e foi desejável à mulher. E “tomou-lhe do fruto e comeu e deu também ao marido, e ele comeu.” (Gênesis 3: 6)
Assim nasceu o pecado no jardim do Éden, com Adão e Eva. E com ele, todas as suas consequências. Separação. Inimizade. Morte. Uma escolha foi feita pelos seres criados à imagem e semelhança do Criador (Gênesis 1: 27), e essa escolha trouxe repercussões inimagináveis.
O sentimento de culpa era palpável. E a paz que sentiam até então, desapareceu: o relacionamento que tinham com o Criador tinha sido danificado, e pela primeira vez, esconderam-se Dele; o seu relacionamento mútuo tinha sido alterado, culpando-se um ao outro, em vez de assumirem a sua própria culpa; a paz que tinham consigo mesmos tinha sido danificada, ao ponto de, pela primeira vez, observarem-se e sentirem vergonha. Um simples ato de desobediência criou inimizade a vários níveis. Mas principalmente, criou inimizade com o Ser de quem dependiam em absoluto. A partir desse momento, tornaram-se inimigos de Deus (cf. Romanos 5: 8-10; Tiago 4: 4).
E, surge um sentimento desconhecido, até então nunca experimentado. Medo.
“E chamou o Senhor Deus ao homem e lhe perguntou: Onde estás?
Ele respondeu: Ouvi a tua voz no jardim, e, porque estava nu, tive medo, e me escondi.” (Gênesis 3: 9-10)
O seu pecado estava a descoberto. Mesmo com as cintas de folhas de figueira que cozeram para si (Gênesis 3: 7), o seu pecado estava exposto. Não havia forma de o cobrir. E surge o medo. Perante a santidade de Deus, perante o reconhecimento da diferença abismal que existia entre eles e Deus. Medo de Deus.
Mas curiosamente, em vez de ser o homem a procurar reparar a sua relação com Deus, é Deus que procura o homem. Omnisciente, conhecedor de todas as coisas, Deus tinha pleno conhecimento do pecado cometido. Sabia o que tinha sido operado pelas suas criaturas. Sabia como tinham tentado cobrir a sua vergonha, em vez de reparar o mal que tinham criado. A separação que tinha nascido.
De facto, esse mal não podia ser reparado, a não ser pelo próprio Deus. A consequência do pecado era a morte (Gênesis 2: 17). Como poderia o homem vencer a morte? Libertar-se desse mal, se Deus não o determinasse?
Por isso, Ele veio ao encontro do homem. Procurou que o pecado fosse admitido. Que o dano fosse declarado. Mas em vez disso, veio o apontar de dedos. Do homem para a mulher. Da mulher para a serpente.
Inimizade tinha sido criada. Mas não iria ficar assim, não eternamente. O homem não podia reparar o mal cometido. A dívida criada não poderia ser paga por si. Mas Deus podia, e traria a solução. Da morte traria vida.
E uma promessa foi deixada. “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.” (Gênesis 3: 15) Deus falou e as Suas palavras não passarão (Isaías 40: 8). Por isso, certamente aconteceria. O descendente de mulher viria. E o pecado e a morte seriam eternamente destruídos.
Da inimizade nasceria amor. Da escuridão do pecado nasceria luz. Da separação criada pelo homem nasceria reunião. Da morte nasceria vida. Deus faria isto. E o plano de Deus, que desde o início tinha sido traçado para o homem, seria plenamente cumprido. Quão maravilhosa promessa esta!
E eis que mais pormenores a este se juntaram. E a natureza e o caráter Daquele que viria foi sendo descrito e revelado ao longo dos tempos, progressivamente dado a conhecer. Informação e mais informação, detalhe e mais detalhe foi sendo acrescentado. Tudo para que, quando Ele chegasse, pudesse ser reconhecido.
E eis que Ele finalmente chega. “Veio para o que era Seu, e os Seus não o receberam.” (João 1: 11) Que infelicidade…
Mas pela maravilhosa graça de Deus, “a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que creem no Seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” (João 1:12-14) Ó maravilhosa graça! Glória seja sempre dada a Deus!
Jesus Cristo veio e abriu o caminho de volta ao Pai. Um caminho de paz com Deus, de verdadeiro amor, de reunião com o nosso Criador, de família, pois em Cristo somos feitos filhos de Deus. “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus” (1 João 3: 1).
Deus fez o inimaginável pelos Seus inimigos. Enviou o Seu Filho Amado, Jesus Cristo, para que Ele pudesse morrer pelos pecados da humanidade (João 3: 16; Romanos 5: 6-11), para que pela Sua morte e ressurreição pudéssemos ter verdadeira vida. Vida com sentido. Vida com Deus. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” (João 10: 10b).
E agora, tal como no jardim do Éden, uma escolha te é dada. Vida ou morte.
Escolhe a vida. “Eu sou a Luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.” (João 8: 12)
Segue o Bom Pastor. “Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas.” (João 10: 11)
O Caminho está aberto. “Eu sou o Caminho, e a Verdade, e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (João 14: 6)
Entra pela Porta. “Eu sou a Porta. Se alguém entrar por mim, será salvo; entrará, e sairá, e achará pastagem.” (João 10: 9)
Sim, o Natal é paz. Paz com Deus. O Natal é amor, amor de Deus para com os homens. Reunião, porque a união quebrada do homem com Deus no passado é novamente religada por Jesus. E família. Sim, porque por Jesus somos recebidos na família de Deus, assim Ele nos promete.
Sim, o Natal é todas estas coisas. Porque todas elas são verdadeiramente possíveis em Jesus. O verdadeiro Natal é JESUS!
Por isso, crê Nele, e também tu poderás viver o verdadeiro significado do Natal!
“O Pai ama ao Filho, e todas as coisas tem confiado às Suas mãos.
Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (João 3: 35-36)
Crédito de imagem: Roman Trofimiuk