
Estamos no início do ano, o tempo em que habitualmente se renovam planos e objetivos. O tempo em que dizemos que agora é que vamos ser saudáveis, comer bem e fazer exercício. Agora é que vamos dormir mais e ser mais pacientes com os outros. Agora é que vamos controlar as despesas e organizar melhor o tempo.
Há sempre muitos planos no início do ano. Mas infelizmente, muitos destes objetivos são esquecidos logo a meio de janeiro!
Hoje é dia de falarmos um pouco de planos para a vida, recorrendo a um texto que nos fala de José, marido de Maria, mãe de Jesus: Mateus 1: 18-25.
Os planos de José para a sua vida
Ao pensar um pouco na situação de José, podíamos colocar algumas questões.
Quais seriam os sonhos e os planos de José para a sua vida? Como carpinteiro de uma aldeia humilde da Galileia, vindo de uma família simples, quais seriam as suas ambições? Será que ele queria continuar em Nazaré, ou talvez ir para uma cidade maior onde tivesse sempre trabalho? Sendo já noivo de Maria, que aspirações teria para o seu casamento?
Vamos então ao texto: “Ora, o nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo.” (Mateus 1: 18)
Desviamos brevemente dos planos de José, apenas para comentar o estado de Maria.
Na passagem do evangelho de Lucas (1: 27), podemos ver uma linguagem ainda mais clara do que em Mateus: “virgem desposada”.
Não há dúvidas de que Maria era virgem, e de que a sua gravidez se deveu à intervenção do Espírito Santo. E também não há dúvidas de que após o nascimento de Jesus, Maria teve mais filhos: “Não é este o filho do carpinteiro? Não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago, José, Simão e Judas? Não vivem entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?” (Mateus 13: 55-56).
E, no contexto judaico, estar desposada significava que estava noiva. E neste noivado já se considerava que os noivos eram marido e mulher, embora não houvesse ainda união física – que só poderia acontecer após o casamento.
Mas, voltando a José e aos seus planos para a vida.
Perante esta notícia de que Maria estava grávida, e sabendo José que o filho não era seu, o que terá ele pensado? “Porquê Senhor, porquê eu, isto tinha mesmo que me acontecer a mim? O que vou fazer agora?”.
Quantas vezes em situações difíceis, somos nós que perguntamos a Deus “porquê eu?”, duvidando da Sua bondade para connosco?
José e Maria eram tementes a Deus e cumpridores da Lei. José é chamado de justo: “Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente.” (Mateus 1: 19)
Eles, como conhecedores da Lei, sabiam o que poderia acontecer com Maria, o seu destino era ser apedrejada (Deuteronômio 22: 23-24).
Então José, pondo de lado todos os planos e objetivos que teria para a sua vida, decidiu “deixá-la secretamente” e fugir de Nazaré. Embora ele não tivesse culpa, ao fugir, ele assumia a responsabilidade pela gravidez de Maria, e assim ela já não teria que sofrer o castigo. Um claro exemplo da Palavra de amor sacrificial.
José era jovem, mesmo que humilde, deveria ter alguns sonhos. Teria já a sua vida orientada porque tinha encontrado uma esposa. E de repente, estava a ponto de fugir e abandonar tudo aquilo que queria e pensava ter.
Isto deve ser um alerta para nós. Por muitos planos que façamos, lembremo-nos sempre de que é Deus que está no controlo. E tentemos sempre submeter a nossa vontade, à vontade de Deus.
Os planos de Deus revelados a José
Enquanto José “(…) ponderava nestas coisas, eis que lhe apareceu, em sonho, um anjo do Senhor, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, porque o que nela foi gerado é do Espírito Santo.” (Mateus 1: 20)
O anjo explicou a José o que se estava a passar. A gravidez de Maria era fruto da ação do Espírito Santo, e não do seu pecado. E reparemos no pormenor “José, filho de Davi”, como que a lembrar José que ele era da linhagem de Davi – de onde viria o Messias, o Salvador, como as profecias anunciavam (cf. Isaías 11: 1-2).
E o anjo continuou: “Ela dará à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos pecados deles. Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor por intermédio do profeta: Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel (que quer dizer: Deus conosco).” (Mateus 1: 21-23)
Mesmo depois dos planos revelados, podemos continuar a pensar nas dúvidas de José. Provavelmente ele continuaria sem entender. Nunca se tinha ouvido falar acerca de alguém gerado pelo Espírito Santo. E sendo aquela criança especial, como iria ele criar o Messias prometido?
José obedece aos planos de Deus
Mesmo na dúvida, vemos a reação de José: “Despertado José do sono, fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu sua mulher. Contudo, não a conheceu, enquanto ela não deu à luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus.” (Mateus 1: 24-25)
Na nossa vida podemos não ter um anjo a aparecer-nos e a dizer-nos o que fazer, mas temos a Bíblia que nos diz qual a vontade de Deus para nós em inúmeras situações.
Grande parte da vontade de Deus para a nossa vida está revelada na Sua Palavra. O que devemos fazer, como nos devemos comportar perante Deus e perante os outros, que caminhos devemos seguir. Claro que não há passagens com o nosso nome, a dizer se devemos aceitar certo emprego, ou para que casa devemos ir morar.
Mas se formos zelosos e tentarmos cumprir a vontade revelada, junto com Deus e em oração, muito provavelmente a indicação do Pai para as outras coisas será também concedida.
“buscai, pois, em primeiro lugar, o Seu reino e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6: 33)
Vemos que José foi obediente e disponível para fazer como o anjo lhe ordenou. Vemos que apesar de todos os planos que ele poderia ter, escolheu aceitar e obedecer ao plano de Deus para a sua vida.
Em algum ponto da nossa vida, já devemos ter feito perguntas parecidas às de José. Ou por não compreendermos o que nos acontece, ou por estarmos revoltados com isso.
Mas o exemplo de José continua válido para nós. Ele confiou em Deus mesmo sem perceber tudo. Entregou-se mesmo tendo as suas dúvidas, com a plena certeza do cuidado do Senhor.
Entreguemos os nosso planos e objetivos ao Senhor neste início de ano. Confiemos que Ele está no controlo de todas as coisas, e descansemos no Seu cuidado maravilhoso. Mesmo que haja aflições, mesmo que venha o sofrimento, a nossa segurança está em Deus. E não há segurança maior do que essa!
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.” (1 Pedro 1: 3-5)
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